Para configurar seu sistema em grande parte é preciso editar arquivos de texto que ficam comumente em /etc. O vi (Visual Interface) é um editor de texto puro usado em larga escala.

Em evolução ao vi surgiu o vim (iMproved Vi - VI Melhorado). O vim e o vi se confundem por isso é comum que pensem estar usando o vi quando na verdade usa-se o vim.

Aqui procurarei mostrar o básico da edição de textos, o que ambos tem, claro, e o aperfeiçoamento contido no vim.

Modos de Operação

  • Modo de Comando: as teclas do teclado são comandos para serem usados na edição este é o modo ativo quando o programa é chamado;
  • Modo de Inserção: o teclado tem características para inserção do texto este modo é identificado por -- INSERT -- no vim e gvim já o vi não apresenta nenhuma indicação.

Para ir do modo de comando para o modo de inserção tecle:

  • i para inserir na posição atual; a inicia a inserção após o cursor;
  • I no início da linha;
  • A no final da linha;
  • o na linha abaixo;
  • O inserção na linha acima;
  • r substitui um caractere;
  • R inicia a inserção substituindo os caracteres.

Movendo

Além de poder usar as teclas e possível usar as teclas h, j, k, l, como mostrado abaixo:

     k                             para cima
h          l          esquerda                   direita
     j                             para baixo

Ao contrário de hoje o vi não podia usar as setas do teclado (pois não existiam setas), por isso que existe essa configuração. Dependendo do seu teclado é preferível que você use essas teclas para se movimentar ao invés das setas, pois é mais vantajoso (do ponto de vista ergonômico) você teclar ESC e movimentar do que mover sua mão para onde ficam as setas.

Ainda existem movimentações extras ou como alguns preferem dizer saltos:

  • 0 (zero) vai para o início da linha;
  • $ para o final da linha;
  • gg para a primeira linha;
  • G para a última linha (final do arquivo);
  • 13G ou :13 vai para a linha 13 (veja que o : significa que você tem que estar em modo comando);
  • w para a próxima palavra, repetição: 2w;
  • b para a palavra anterior, repetição: 2b.

Abrir Arquivo

A forma mais comum de abrir arquivo é informar em linha de comando o nome do arquivo:

$ vim ~/me.txt

Mesmo que o arquivo não exista o programa encarrega-se de criá-lo.

Para ainda incluir um comando do vim assim que abrir o arquivo use + seguido do comando:

$ vim +"syntax on" code.c
$ vim +/gvim vim.htm

Você também pode chamar um arquivo dentro vim, basta usar o comando :e, tal qual:

:e nome_do_outro_arquivo

Se aparecer uma mensagem semelhante a essa:

E37: No write since last change (add ! to override)

Você precisa tomar alguma atitude para salvar ou descartar as modificações no arquivo atual.

Vários Arquivos

Quando o vim abre vários arquivos, seja em linha de comando ou com o comando :e, é possível pular entre eles usando :n (:bn ou :next) para próximo e :N (:bp ou :previous) para retroceder, vale lembrar que o programa pula do último para o primeiro e do primeiro para o último.

Lendo a Entrada por Redirecionamento

Caso você esteja habituado a usar um terminal você sabe que redirecionar a saída de um comando para outro é extremamente comum, o vim também pode receber a entrada padrão como o conteúdo de um novo arquivo, basta usar o - como no exemplo abaixo:

$ ps aux | vim -

Caso já esteja com o arquivo aberto e queira pegar a saída dele, use o :r!command, exemplos:

  • :r!ps aux;
  • :r!ls ~/bin;
  • :r!cat ~/me.txt;
  • :r!find ~/bin -type f.

Sair e Salvar

Para sair digite no modo de comandos :q, quando não há alterações para salvar. Caso haja alterações esse comando não sai, apenas alerta que o arquivo possui alterações para serem salvas e informa que :q! sai sem salvar.

Salvar: :w, após isso é possível sair do programa, sem a mensagem de erro anteriormente mencionada. Existe a combinação dos dois :wq que salva e depois sai. Ainda é permitido salvar como: :w nome.txt.

Manipulando Texto

Apagando

Apesar de poder usar BACKSPACE e DELETE para apagar existem outras formas para apagar, agilizando o trabalho.

Veja abaixo as formas mais comuns, lembre-se de que o vi permite a inserção de números para formar a repetição a favor da agilização do trabalho.

  • x apaga a direita do cursor; repetição: 10x;
  • X apaga a esqueda, vale a repetição 10X;
  • dd apaga a linha inteira;
  • Além de funcionar com repetição o comando d funciona com os saltos mencionados acima, como dw, apaga até a próxima palavra ou dfs, apaga até encontrar a letra s;
  • D apaga de onde está até o final da linha, equivale a d$;

Troca (Substituição)

Apesar de poder excluir uma palavra e depois incluir outra no lugar o comando cw tem a capacidade de substituir uma palavra pela que se segue, como no exemplo: existe a palavra programa e quer substituir por script, basta colocar o cursor no p de programa e digitar cwscript no modo de comando.

Caso seja um único caractere que precise ser trocado existe a opção de usar o comando r, exemplo: data no lugar de date, solução é colocar o cursor em cima de a e teclar em modo de comando re.

Um bom uso de conjunto de comandos é para o exemplo seguinte: a palavra fiel no lugar de file a junção xp resolve o problema colocando o cursor sobre a letra e e teclando o comando; esta união vem de x apagar e p colar.

Para substituir uma palavra no texto inteiro (modo de comando):

:%s/palavraantiga/palavranova/g

Mudar a Caixa do Texto

Ao usar o vim no modo visual (teclando v em modo de comando) pode-se mudar uma letra de maiúscula para minúscula e vice-versa, já com o modo visual ativado selecione o trecho com as setas ou com qualquer outro comando de pulo e tecle U para tornar maiúsculo ou tecle u para tornar minúsculo.

Quando for somente uma palavra use estes comandos em modo de comando quando estiver no início da da palavra: gUw para maiúsculo ou guw.

Formatação

A formatação de um texto puro restringe-se a alinhamento: :left, :center e :right; para formatar uma linha inteira em esquerda, centro e direita, respectivamente.

Mas minha recomendação é que você use Markdown como formatação.

Busca

Para fazer buscas em um texto é em modo de comando /palavra que procura do texto para frente; repetir as buscas com n ou para repetir a busca inversamente N.

A busca por palavra que está do cursor para trás é ?palavra da mesma forma vale n e N.

Quando digitado / para busca há alguns caracteres que tem outro significado:

  • ˆ início da linha;
  • $ final de linha;
  • . único caractere;
  • \< início de palavra;
  • \> final de uma palavra.

Buscas com um simples caractere faz-se com fa, para procurar adiante, com repetição como em 5fa, e Fa procura atrás do cursor, também vale a repetição: 5Fa.

Registros

Registro é uma forma de armazenar um conjunto de comandos para usá-los repetitivamente.

Uso:

  • Inicia a gravação com ql em modo de comando, no qual l deve ser substituído por uma letra de a a z;
  • Indica os comandos e as inclusões e termina a gravação com ESC;
  • Uso do registro com 3@l, no qual 3 é o número de repetições que deve ser feita e l a letra ao qual o registro ficou armazenado.

Exemplo:

Uma parte do script deve ficar assim:

echo -e "-d            Exibe na saída somente os diretórios;"
echo -e "--version     Mostra a versão;"
echo -e "--help        Mostra esta ajuda;"

Mas ele está agora assim:

-d            Exibe na saída somente os diretórios
--version     Mostra a versão
--help        Mostra esta ajuda

Primeiro grava-se o registro, vamos gravar na letra s, após teclar <esc> para ir para o modo de comando as exatas teclas são:

qs0iecho -e "ESC$a;"ESCJq

Para melhor compreensão vou tentar explicar por partes:

  • qs para iniciar a gravação;
  • 0 para ir para o início da linha;
  • i inicia o modo de inserção;
  • echo -e " os caracteres de início da linha;
  • ESC para ir para o modo de comando;
  • $ para ir para o final da linha;
  • a inicia a gravação depois do cursor;
  • ;" introduz os caracteres do final da linha;
  • ESC para ir para modo comando;
  • J para ir para a próxima linha;
  • q para terminar a gravação.

Após a gravação o registro deve ser aplicado na linha ainda sem qualquer alteração o comando @s, neste exemplo apliquei com 2@s para executar duas vezes.

As mesmas marcas podem ser usadas em outros arquivos, desde que o arquivo ~/.viminfo não seja apagado.

Marcas

Uma marca grava a linha para que possa ser acessada posteriormente.

Seu uso é bastante simples, para marcar uma linha basta usar: ma, no qual a pode ser substituído por outros caracteres.

O acesso ou o pulo para a marca é feito com o caractere ' (acento agudo ou aspa simples) como em: 'a.

Todas as marcas pode sem vistas com o comando :marks.

Arquivo de Configuração ~/.vimrc

Somente algumas poucas configurações que chamaram minha atenção.

Quem costuma a prender o dedo no SHIFT comumente tem retornado um erro quando se depara com :Q já que o vim como grande parte dos comandos é sensível a caixa, como alternativa pode-se criar o que no shell é um alias de comando, incluindo essas linhas:

cab W w
cab Q q
cab WQ wq
cab Wq wq

As linhas são quebradas por padrão para a visualização, esta linha desabilita:

set nowrap

O gvim`` configura o título automaticamente; no xtermcom ovim` isso precisa ser habilitado com a adição de:

set title

Perdido com os parênteses a linha:

set sm

Informa ao fechamento de um parênteses, chave e/ou colchete onde este foi iniciado e soa um beep quando não encontra seu início.

Se não quer perder nenhum parêntese, colchete ou chave a linha abaixo fecha automanticamente logo que é aberto; não costumo usá-la, mas pode lhe ser útil:

imap ( ()<esc>i
inoremap ( ()<esc>i
inoremap { {<Char-13>}<esc>i
inoremap [ []<esc>i

Para quem costuma programar com o vim digitar :syntax on toda vez que é iniciado ou colocar +"syntax on" na linha de comando é chato principalmente quando tem que abrir várias vezes e vários arquivos, a solução é colocar simplesmente syntax on no arquivo de configuração.

O TAB quando teclado imprime por padrão 8 espaços, isso pode ser configurado usando:

set tabstop=8

Com a inclusão de algo com este padrão map! 'a á contorna o problema de acentuação; seu uso é simples: quando for digitado ‘a é imediatamente substituído por á. Como ainda não encontrei um editor html que me agrade, estas linha são bastantes úteis para mim (update: não uso mais, mas fica o exemplo):

map! 'a &amp;aacute;
map! 'A &amp;Aacute;
map! ~a &amp;atilde;
map! ~A &amp;Atilde;
map! `a &amp;agrave;
map! `A &amp;Agrave;
map! ^a &amp;acirc;
map! ^A &amp;Acirc;
map! 'e &amp;eacute;
map! 'E &amp;Eacute;
map! ^e &amp;ecirc;
map! ^E &amp;Ecirc;
map! 'i &amp;iacute;
map! 'I &amp;Iacute;
map! 'o &amp;oacute;
map! 'O &amp;Oacute;
map! ~o &amp;otilde;
map! ~O &amp;Otilde;
map! ^o &amp;ocirc;
map! ^O &amp;Ocirc;
map! 'u &amp;uacute;
map! 'U &amp;uacute;
map! "u &amp;uuml;
map! "U &amp;Uuml;
map! ,c &amp;ccedil;
map! ,C &amp;Ccedil;
map! ,e &amp;amp;
map! ,n &amp;lt;
map! ,m &amp;gt;